Vozes sem Palavras II é um álbum digital coletivo realizado a partir da quarta chamada aberta do SONatório para o projeto #desafios_sonoros, nesta ocasião produzido em parceria com a série de performance vocal Língua Fora. Este álbum dá continuidade ao primeiro álbum Vozes sem Palavras, lançado em 2020, e carrega diversas intenções que emergem da vocalidade que destaca o sopro e a voz como ruído e som. É uma reunião de artistas do Brasil, da Argentina e da França que criaram peças inteiramente vocais com processos que envolvem improvisação e composição com exploração de múltiplas emissões vocais, assim como também da manipulação digital de vozes gravadas.
1. Into The Voidness (Mário Guimarães)
Os sons guturais sempre me causaram grande espanto e curiosidade, nesse experimento tentei amplificar a experiência de uma captação realizada de momento.
Por Mário Guimarães
Mário Guimarães | Pesquisador do audiovisual e realizador quando o tempo/espaço contribuem. De Black Sabbath à Philip Glass, da mais profunda calma até um noise extremo.
Local | Cachoeira-BA/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Microfone em gravação de estúdo/Reaper.
Ficha técnica | Vozes: Mário Guimarães; Gravação: Marina Mapurunga e Fernando Ferreira dos Santos; Edição e Mixagem: Mário Guimarães.
2. Apupo (Márcio Vasconcelos)
Por Márcio Vasconcelos.
Márcio Vasconcelos | Artista transdisciplinar de Taquarituba, interessado em manifestações visuais e sonoras. É compositor e vocalista do duo Ex Punk Me e integrante da banda de ruídos Corações Inéditos.
Local | Itaporanga-SP/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Para essa gravação foi utilizado o programa Ableton Live 10, em um computador Windows com uma placa de áudio Behringer e um microfone condenser da Audio-Technica. 4 pistas de áudio com efeitos de delay, tremolo, warm fuzz, phasing.
Ficha técnica | Voz, gravação, edição e mixagem: Márcio Vasconcelos
3. Sourdines (Anaïs Sylla)
Sourdine é uma palavra francesa que quer dizer silêncio, sem barulho e é também um dispositivo para amortecer o som de instrumentos de sopro. Cantei imaginando sopros e silêncio, onde cabe o silêncio onde cabe vozes se cruzando, se desencontrando e se encontrando.
Por Anaïs Sylla
Anaïs Sylla | Cantora e compositora nascida na França de origem senegalesa. Faz da sua trajetória de vida – itinerante e plural – a essência para criar a sua identidade musical que passa por influências da música francesa, brasileira e de sua pesquisa sobre a diáspora africana.
Local | São Paulo-SP/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | software Garage Band.
Ficha técnica | Voz, gravação e edição: Anaïs Sylla.
4. Telúrica (Isabel Nogueira)
Em tempo espiral, tece espaços da memória em corpo-voz.
Através do movimento das vozes, a peça constrói camadas em vento e sopro.
Os efeitos de delay, reverb e overdrive buscam arquitetar múltiplos sentidos, evocando diferentes formas em que a voz pode soar, em roda ao canto.
Ritmos e circularidades presentes na minha imaginação se manifestam, convidando para uma escuta que é, para mim, ritualística e evocativa.
Processo imersivo, gravação de vozes diretamente no computador, uma após outra, aplicação imediata de efeitos logo após gravar, escutando o que já existe enquanto gravo as próximas camadas, busca de texturas logo após gravar, utilizando plugins.
Organização do material em busca de compor uma narrativa, em uma ideia de criação de mapas sonoros, de sonhos lúcidos, em um diálogo comigo mesma.
Se é terra, é também vento e impermanência.
Limiar.
Isabel Nogueira | Professora, pesquisadora, artista sonora e compositora. Doutora em Musicologia pela UAM/Espanha, é professora da UFRGS e coordenadora do Grupo de Pesquisa Sônicas: Gênero, Corpo e Música. Sua produção artística envolve música experimental e música eletrônica e tem lançado álbuns por selos de diversos lugares do mundo.
Local | Porto Alegre-RS/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação |Microfone, computador plugins de delay, reverb e overdrive, e ableton live.
Ficha técnica | Voz, gravação, edição e mixagem: Isabel Nogueira.
5. Juntando os cacos (Yuri Bruscky)
Juntando os Cacos é uma série de poemas sonoros e visuais compostos por Yuri Bruscky ao longo de 2020, durante o período de isolamento social da pandemia de Covid-19. Esses ‘granulogramas’ foram elaborados a partir da adoção de procedimentos de síntese granular na articulação/transcriação de suas dimensões sonoras e gráficas. As bases semânticas destes enunciados perdem preponderância em benefício à manipulação sônica/plástica através da recombinação dos seus elementos constitutivos por meio de técnicas de micromontagem.
Por Yuri Bruscky.
Yuri Bruscky | Artista e pesquisador de Recife. Desenvolve práticas artísticas explorando interseções entre ruído, linguagem, mediações tecnológicas e práticas cotidianas. Coordena o curso de Produção Fonográfica da Uniaeso/PE. Mantém, desde 2010, o selo de música experimental Estranhas Ocupações. Co-criador do ciclo de rádio arte Rumor, do festival Muído e do seminário e programa de residências artísticas (Entre) Lugares Sonoros. Co-autor do livro História da Poesia Visual Brasileira (Cepe, 2018).
Local | Recife-PE/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Sintetizadores modulares.
Ficha técnica | Voz, gravação, processamento eletrônico, edição, mixagem: Yuri Bruscky. Masterização: Igor Souza.
6. Fôlego (Juliana R.)
Por Juliana R.
Juliana R. | Artista sonora e musicista. Seu trabalho é baseado em pesquisas que investigam as formas de ouvir, falar e cantar, utilizando a performance ao vivo e práticas colaborativas como processo criativo, experimentando formatos onde improvisa com elementos e limitações pré-determinadas.
Local | São Paulo-SP/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Logic Pro, Apogee Duet, Tascam Portastudio 414, Fita K7 Basf – Chrome Super e microfone condensador AKG P420.
Ficha técnica | Vozes, gravação, edição e mixagem: Juliana R.
7. Arco do tempo (Fernando Santos)
A sonoridade gutural criada nesse projeto representa mais do que simples vocalizações; é uma forma de expressão artística que vai além das palavras. Esse conceito inovador capturará a emoção crua e primal por trás dos sons guturais, explorando a linguagem universal das emoções. Essa forma de criação sonora visa romper as barreiras da linguagem falada, permitindo que as vozes comuniquem sentimentos, pensamentos e experiências profundas sem a necessidade de palavras. É uma exploração corajosa do potencial humano de se comunicar através do som puro e bruto. A sonoridade gutural idealizada aqui é mais do que uma mera experimentação; é uma declaração artística que celebra a diversidade da expressão humana e a riqueza dos sons que nosso corpo pode criar. É uma busca pela essência da comunicação humana, despidas das formalidades da linguagem.
Por Fernando Santos.
Fernando Santos | MC, VJ, beatmaker, artista de Maceió radicado em União dos Palmares. Suas produções são focadas na memória do povo negro e suas manifestações culturais. Participou do Festival Aqualtune de Cinema e Afrofuturismo realizado em Maceió e União dos Palmares, no qual fez a cobertura de vídeo. Ganhou o prêmio Elinaldo Barros no edital da Aldir Blanc (2021) com um curta-metragem autobiográfico chamado Hábito, do qual é diretor, roteirista e diretor-executivo. Faz parte do projeto de extensão SONatório.
Local | São Félix-BA/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Microfone Condensador, interface de som, estúdio da Casa Preta Hub, software Reaper, voz.
Ficha técnica | Vozes: Fernando Santos; Gravação: Marina Mapurunga; Edição e Mixagem: Fernando Santos.
8. Vocifera (Lara Lima e Izma Xavier)
Processo de Criação:
O processo de criação sonora de Vocifera foi realizado à distância por artistas cearenses Lara Lima e Izma Xavier, que residem nas cidades de Fortaleza e Sobral respectivamente. Lara Lima realizou o processo de gravação de sua voz por meio do improviso, processo que gerou 3 áudios com um total de quase 11 minutos de material sonoro com vocalizações e melodias sem letra.
Como próxima etapa, os áudios foram editados por Izma Xavier no software Ableton Live 11. Nesse processo de edição, as vozes originais foram rearranjadas, com a alteração da afinação e da duração das notas, dessa forma foi sendo construído um novo arranjo para a peça sonora.
Numa etapa posterior, todo o material sonoro que compunha esse novo arranjo de vozes foi processado numa cadeia de pedais. Com objetivo de simular uma distorção de mesa, foi utilizado um pedal Console Preamp. Foram utilizados ainda dois pedais de efeito: o pedal Synth Wah com a função Envelope Filter, usado para simular um sintetizador; e o pedal Mosky com a função Spring Reverb, usado para simular um reverb de mola.
Como próxima etapa, o material sonoro de vozes processadas nos pedais foi levado de volta para o Ableton Live, nessa fase, foram justapostas as vozes processadas com as vozes não processadas, onde foram reguladas suas alturas e, em seguida, realizada a mixagem para a composição final da obra Vocifera.
Conceito/Idealização:
A idealização da obra buscou referências iniciais a partir da escuta de instrumentos e vocalizações da música oriental e egípcia. A improvisação permeou todo o processo de criação desde a gravação das vozes até a edição.
A construção sonora partiu inicialmente com o uso da voz como instrumento, por meio da criação e da construção melódica de vozes com a improvisação e a modulação vocal.
O processo de edição e rearranjo das vozes original também usou da improvisação, uma vez que o arranjo foi construído num fluxo contínuo do início ao fim, sem alterações depois de finalizado. Assim, o processo de revirar, misturar, criar novos espaços e rearranjar a voz deu origem a uma composição onde a voz não está num lugar convencional. O uso das vozes processadas permitiu chegar a uma sonoridade de extremos entre graves e agudos, justapostos com vozes melódicas e vozes ruidosas não processadas. Também foram utilizados acordes sem uma sequência harmônica tradicional, melodias que também não possuíam escala convencional, resultando numa obra que não é tonal, como referência do atonalismo do jazz.
Por Lara Lima e Izma Xavier.
Lara Lima | Artista visual e sonora. Sua pesquisa e produção artística permeiam experimentações sonoras e visuais com código criativo, com linguagem de programação com código aberto, além da construção sonora a partir do uso de objetos, paisagens sonoras e de dinâmicas de exploração do corpo/voz. Em 2022, participou do Festival ABSTRATA com a performance visual e sonora TRACEAFERA. Em 2023, desenvolveu a sonoplastia do espetáculo “Luzia”. É integrante do coletivo Aterra Flecha.
Izma Xavier | Artisty sonora, visual e compository. Integra as bandas Procurando Kalu como baixista e compository, e o coletivo artístico Toca da Matraca, todos da cidade de Sobral, no Ceará, onde atua desde 2013. Colaborou na montagem do filme Ser da Margem (2020) de Thamires Coimbra, no curta MLK (2021) de Malika, dividindo a composição. Em 2021, ao lado de Lara Lima, criou a trilha da obra audiovisual Gameleira, com Beatriz Nogueira para as audiorooms da 12ª edição do festival argentino Santo Noise.
Local | Fortaleza e Sobral-CE/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Gravador digital Zoom H1N, Software Ableton LIVE 11, Console Preamp: pré-amplificador de estado sólido (solid state), classe A, circuito original projetado pela Cachalote. Pedal Digitech Bass Synth Wah Envelope Filter, Pedal Mosky Spring Reverb.
Ficha técnica | Vozes – Lara Lima. Gravação – Lara Lima. Edição – Izma Xavier. Mixagem – Izma Xavier.
9. Sinfonia Varejeira (Ibu)
Sobrevoando sua cabeça, bem perto do ouvido, elas chegam aos montes. Vestidas de azul cintilante, do ruído à repulsa. As fadas varejeiras anunciam que tudo que é fresco um dia vai apodrecer, a mudança é inevitável. Mesmo que se cubra as orelhas, proteja a carne, tranque as janelas. Uma sinfonia anuncia o que se evita ouvir. Durma ou não de boca aberta, a qualquer momento pousaremos na sua sopa.
Por Ibu.
Ibu | Cientista Social e artista visual, mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais ( PPGCS\UFRB). Integrante do SONatório (UFRB), do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Lesbianidades, Gênero, Raça e Sexualidades (LES\UFRB) e do Grupo de Pesquisa Corpo, Socialização e Expressões Culturais (ECCOS\UFRB).
Local | Cachoeira-BA/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Gravação: Microfone condensador e placa de áudio Scarlett, estúdio da Casa Preta Hub Cachoeira. Edição do áudio: software REAPER.
Ficha técnica | Edição de som, voz e criação: Ibu. Gravação e suporte técnico: Marina Mapurunga e Fernando Santos.
10. Sarah (Taís Lobo)
Sarah é uma composição parte da trilha musical do documentário “As Últimas do Mundo”. Foi composto para personagem de Sarah, mulher trans, neta de rezadeiras, benzedeiras e agricultores tradicionais, que vive na vila de Conceição de Ibitipoca, MG, e que está herdando o saberes de sua avó.
Por Taís Lobo.
Taís Lobo | Produtora, diretora, designer de som e compositora. Dirigiu os documentários “As últimas do mundo” (2021), “Encantadas” (2018), “Canta um ponto” (2017), nos quais também assina a trilha. Dirigiu e atuou em outras funções em séries para TV e Web. Coordena e dá consultoria para ações de formação de núcleos de cinema comunitário. Atualmente está produzindo seu primeiro álbum solo.
Local | Divino de São Lourenço-ES/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Computador Macbook Pro, Software Garage Band, Gravador Zoom H4n.
Ficha técnica | Vozes, gravação, edição, mixagem: Taís Lobo.
11. MGT Dor (Naty Recabarren)
MGT dor, es una no-canción de psicodelia grunge en versión de solo voces. Una improvisación libre, que habilita a la composición a partir de susurros, sonidos guturales, murmuros chamanicos, risas y monotonos. Es una búsqueda vocal en tiempo real, con en una cantidad mínima de pistas de audios, generadas libremente y desprovistas de pensamiento sígnico y de toda referencialidad. El tiempo de creación que se pretendió ejercitar, fue efímero en sentido radial. Lo que sucedió en cada pista, fue eso y no otra cosa, irrepetible.
Por Naty Recabarren.
Naty Recabarren | Locutora Nacional (ISER), professora de Comunicação Social (UNLP) e graduada pela Escola Argentina de Dublagem. Atualmente pesquisa experimentação vocal e criação cênica. É membro do coletivo Barullo com o artista sonoro Martín Remiro e co-criadora e organizadora do ciclo de Arte Sonora “Divergências Sonoras” que acontece desde 2022 na cidade de La Plata.
Local | La Plata, Buenos Aires / Argentina
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Mic Bheringer condenser. Procedador de audio Reaper plugins nativos.
Ficha técnica | Voces y grabación: Naty Recabarren/ Edición y mezcla: Martin Remiro/ Máster: Mauricio Silva
12. Eu só quero ficar no meu canto (Eduardo Santos)
Gravei o áudio imediatamente relembrando o inicio da cantoria da tela de abertura do jogo Siren: the Blood Curse. Já que minha inspiração veio do jogo de terror, imaginei um contexto onde uma pessoa estaria sendo forçada a cantar e se manter cantando. Ao longo dos erros nas notas e choros, tentei focar num clima opressor e fantasmagórico.
Por Eduardo Santos.
Eduardo Santos | Graduando em cinema e audiovisual pela UFRB com interesse nas áreas de design de som e pós-produção. Atuou como Montador, Sound Designer e Still. Faz parte do projeto de extensão SONatório, onde contribui com produção e edição de sons, além de experimentação artísticas utilizando a digitalização de som e práticas de pesquisa relacionadas a experimentação sonora no cinema e outras artes.
Local | Cachoeira-BA/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Gravador do Iphone, software REAPER.
Ficha técnica | Vozes, Gravação, Edição, Mixagem: Carlos Eduardo Santos de Jesus.
13. Bruma (Panamby)
Às 05h da manhã o nevoeiro me abraça. Abro a boca, alvoreço bruma.
Por Panamby.
Panamby | Artista, desensinadore, mãe/mamão. Desenvolve trabalhos em múltiplas linguagens, dedicando-se à pesquisa e criação a partir de limites psicofísicos atrelados a práticas de modificação corporal em experiências rituais, aparições, vultos e visagens. Segue suturando na vida após a pós e trilhando caminhos de cura transitando por territórios (SP/RJ/MA). Gera sonoridades como prática poética no/do escuro, principalmente a partir de 2015, como tentativa de tanger o invisível e comunicar em outras língua-gens.
Local | São Paulo-SP/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Microfone dinâmico, microfone de contato, Ableton Live.
Ficha técnica | Vozes, gravação, edição, mixagem, masterização: Panamby.
14. Guaxe (Russó)
Guaxe nasce do canto de um japiim-de-costas-vermelhas, gravado com celular em Caraíva, litoral sul da Bahia, em setembro de 2023. Gravei uma melodia com voz e assobios que processei ao vivo com pedal harmonizer ve-2 da BOSS. os assobios também foram processados com pedal Blooper – modifiers ‘stepped speed’ e ‘scrambler’ – obtendo sons parecidos com o canto rouco e metálico do pássaro.
Por Russó.
Russó | Engenheira, produtora cultural e especialista em arte/educação. Russó é o projeto sonoro autoral de Mathilde Rousseaux, pessoa francesa estabelecida no Brasil desde 2013.
Local | São Paulo-SP/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | MIC: AKG D5 / PEDAIS: BOSS VE-2 Vocal Harmonist; Chase Bliss Blooper / SOFTWARE: Logic.
Ficha técnica | Vozes, gravação, edição: russó. Mixagem: Ana Ritzz.
15. Arrasta (Evol)
Um duo à capela com minha propria voz, cru, sem efeitos, explorando a possibilidade oferecida pelos registros de voz de entrecruzar temporalidades distintas.
Por Evol.
Evol | EVOL de vez em quando arranha uma palavra ou outra, mas na maior parte do tempo range, geme, grunhe, revira a garganta, tropeça na própria língua. EVOL é menos que gente, é ectoplasma que escorre, mais perto dos espíritos dos animais ou das máquinas obsoletas. EVOL é coisa compulsiva que sobe pelo pescoço e amplifica os ruídos que não se ouvem, dito-cujo desmedido que gagueja e desmancha as sílabas.
Local | São Paulo-SP/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Microfone condensador e software Audacity.
Ficha técnica | Voz, gravação, edição: Evol (Tom Nóbrega).
16. Remo (Gustavo Infante)
Remo é sobre impulsionar o vento, é sobre movimentar o desconhecido. Da garganta no vento remo com língua e som. A composição sonora foi desenvolvida em um loop de fita magnética com o uso de gravador multipista de quatro canais de fita cassete e pedais de processamentos.
Por Gustavo Infante.
Gustavo Infante | Violonista, compositor e cantor. Lançou, em 2021, o álbum Pássaros pelo Selo Bastet e pela Think! Records no Japão. Lançou, em 2019, seu primeiro álbum autoral, SER, pelo Selo Bastet/YBmusic. Em 2016, lançou de forma independente e virtual seu EP Transe ao lado da percussionista Lívia Carolina. Tem parceria com a artista Letícia Rodrigues em trabalhos de dança com música ao vivo, composição da música para a dança e videodanças.
Local | Campinas-SP/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Tascam 414 Portastudio / Loop de fita magnética / Pedais de processamento / Microfone Shure sm58.
Ficha técnica | Composição, Vozes, Tape, Processamentos, Mixagem e Masterização – Gustavo Infante
17. Ocundá (Bloika)
Ocundá é um jogo abstrato de pergunta e resposta criado remotamente, a duas vozes, entre Belém do Pará e São Paulo, no qual a linha melódica de improvisação fonética, assemântica e assimétrica, é atravessada pela tessitura gutural em seus parâmetros granulares de altura, gerando oscilações de tom, tempo e texturas no mix.
Por Bloika – Reuben da Rocha e Igor Souza.
Bloika | Duo de música improvisada composto por Reuben da Rocha e Igor Souza. Reuben é artista interdisciplinar, poeta e músico improvisador. Igor Souza é um produtor musical e músico autodidata que transita pelo underground em diversos segmentos.
Local | São Luís-MA/Brasil e São Paulo-SP/Brasil.
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | Captação das vozes feita com gravador Zoom H4n e microfone Sennheiser E 835, edição de áudio feita no Reaper.
Ficha técnica | Vozes: Reuben da Rocha e Igor Souza. Gravação: Reuben da Rocha e Igor Souza. Edição, mixagem e masterização: Igor Souza.
18. Aguaçal (Coletivo Moebius)
Inundado. Água e lama por dentro dos sapatos, das roupas. À noite todos os sons chamam e afugentam na mesma medida. Aguaçal é um espaço liminar, uma fenda, onde coisas vivas se encontram e outras, oriundas de diferentes reinos, são conjuradas. Adentrar esse território é caminhar sobre e com tudo aquilo que é mais antigo e já habitou o lugar no qual agora nos encontramos. A faixa é um fragmento de Aguaçal, performance que propõe a construção de uma paisagem sonora a partir do trabalho de voz e corpo desenvolvido pelo Coletivo Moebius em seu novo processo de criação, que investiga a linguagem do horror e questões de gênero.
Por Coletivo Moebius – Isadora Haase da Costa Franco; Janaína Ferrari Garcia; Luíza Fischer da Cunha; Patricia Nardelli Pinto Santana; Renata Stein Dias.
Coletivo Moebius | Grupo de bailarinos, atores e artistas que pesquisam corpo e movimento na dança contemporânea para construir o seu próprio vocabulário e experiências em artes. Nessas pesquisas foram feitas obras como: “Medida Provisória” (2016-2017) e “(De)Colagem” (2018), “Poéticas sobre Morte / Tempo / Vida” (2018), “Ranhuras” (2018), “Três Canções” (2019), “Pode ser um SPAM” (2021), além de performances e oficinas.
Local | Porto Alegre-RS/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | A faixa foi criada a partir de uma partitura de voz e movimento, executada sem nenhum tipo de processamento nas vozes que foram captadas ao vivo com o uso de 4 microfones dinâmicos. O tratamento e a mixagem da faixa foram realizados utilizando o software LogicPro.
Ficha técnica | Criação: Coletivo Moebius (Isadora Franco, Janaína Ferrari, Luíza Fischer, Patricia Nardelli, Renata Stein). Arranjo, edição, captação e mixagem: Patricia Nardelli. Vozes: Isadora Franco, Janaína Ferrari, Luíza Fischer e Patricia Nardelli.
19. FarFalha (Ianni Luna)
FarFalha retoma o sentido de uma sonoridade de deslocamento, acentuando o movimento da matéria sobre si mesma, num debater-se. A repetição errática (fala falha) carrega algo de eloquência e ruptura, criando sentidos inesperados nesta obra que tem como base a síntese sonora granular. O áudio original é a minha voz gravada num Zoom H4nPro durante uma viagem ao interior do Goiás. Esse material foi então sampleado e utilizado durante duas sessões de improvisação com um sistema Eurorack de sintetizadores modulares, que, por sua vez, foram gravadas e posteriormente processadas no Ableton Live.
O conceito central desta obra toma como referência as técnicas sonoras com fita magnética e as pesquisas da Música Concreta (Pierre Schaeffer), bem como os experimentos com os chamados Microsons (Curtis Roads), partículas sonoras computadas em partes de até um décimo de segundo. Para isto, a ênfase do sistema foi o módulo Morphagene, fabricado pela Make Noise, que é um sintetizador granular cujo mecanismo consiste, entre outras coisas, na emulação de um gravador de fita que opera com alta precisão, permitindo uma manipulação infinitesimal de camadas de gravação instantânea a partir da função Sound On Sound (SOS).
Por Ianni Luna.
Ianni Luna | Artista, pesquisadora e educadora. Sua poética elabora o sonoro a partir de problemáticas das artes visuais, na articulação entre arte, tecnologia e ficção. É pós-doutora em Artes pela UnB e desde 2012 expõe trabalhos em instalação, cinema experimental e performance. Toca guitarra na banda Soror e tem se apresentado com um projeto solo de música eletrônica experimental.
Local | Brasília-DF/Brasil
Equipamento/softwares/materiais utilizados para a criação | gravador Zoom H4nPro; software Ableton Live, Morphagene – Make Noise, Magneto – Strymon.
Ficha técnica | Vozes, gravação, edição, mixagem e masterização: Ianni Luna.
créditos
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